
Olhando para as páginas marcadas pela Revolução Russa de 1917, carregada de promessas de liberdade e direitos universais, observamos uma transformação significativa uma vez que o regime soviético consolidou o poder. As vozes que contribuíram para a sua ascensão, rapidamente marginalizadas e depois brutalmente silenciadas, revelaram a verdadeira face desse regime de Esquerda. Os direitos universais, outrora bandeiras da revolução, tornaram-se reféns de intenções ocultas que se escondiam por trás dos valores proclamados. Tanto naquela época como agora, alguns justificam essas ações como um mal necessário para a sobrevivência da revolução.
Hoje, a Esquerda ressurge, uma vez mais, reivindicando e exaltando valores universais, mas, paradoxalmente, proclama objetivos que parecem contradizer esses mesmos valores enaltecidos. "Estamos concentrados exclusivamente em derrotar a direita", afirma Pedro Nuno Santos, "O primeiro objetivo é derrotar a direita", ecoa Mariana Mortágua. Estas afirmações sinalizam o retorno ao espírito revolucionário, aliciando os mais incautos com causas contemporâneas enquanto se afastam dos princípios democráticos, do diálogo e do respeito por todas as vozes.
No palco político, onde a divergência de ideias é tanto inevitável quanto salutar, nota-se a propensão da Esquerda em intensificar e radicalizar o discurso quando confrontada com opiniões diferentes das suas. Esta inclinação, refletida em vários momentos, foi recentemente manifestada nas declarações do Dr. Bolieiro, o qual, curiosamente, embora não integrando as fileiras da esquerda, parece ter sido contaminado pelo populismo e pela simplificação característica do discurso da facção política de esquerda.
Ao manifestar vontade em dialogar, o Dr. Bolieiro depara-se com um desafio considerável. A sua falta de destreza em gerir divergências políticas e a perda de credibilidade, devido à incapacidade de cumprir os parágrafos do acordo com os Liberais, levantam dúvidas sobre a sinceridade do seu compromisso para dialogar. A solidez dos seus argumentos não deve ser avaliada pela capacidade em desacreditar os adversários, mas pela habilidade em fomentar conversações construtivas, adaptar-se e encontrar pontos de consenso.
Respeitar opiniões diferentes não significa apenas tolerar visões antagónicas, mas empenhar-se nelas de forma construtiva e aberta. É através deste prisma que se deve analisar e avaliar a retórica da intervenção do Dr. Bolieiro.
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